A Polícia Federal investiga um desaparecimento de urânio enriquecido. Material é usado para fabricação de combustíveis das usinas nucleares Angra 1 e Angra 2 e não causa danos radiológicos.

O sumiço das amostras de urânio enriquecido a 4,25%, que ficam dentro de uma ampola de cerca de 8 centímetros, foi detectada nas Indústrias Nucleares do Brasil - INB, após uma transferência interna de armazenamento, na Fábrica de Combustível Nuclear - FCN, em Resende, no sul do estado do Rio. O caso aconteceu em julho, mas só veio a público nesta 5ª feira (17.ago). 

Após a atividade de transferência, foi feita uma contabilidade das ampolas transferidas e identificada a ausência de duas unidades pertencentes a um lote de recarga. Houve ainda uma segunda recontagem que confirmou o desaparecimento. Só então a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) notificou o extravio das ampolas à Comissão Nacional de Energia Nuclear.
Cada um dos tubos contém cerca de 8 gramas de UF6 (hexafluoreto de urânio) enriquecido. O urânio enriquecido é usado na produção de combustível para abastecer as duas usinas nucleares instaladas em Angra dos Reis, no sul fluminense.

De acordo com e empresa Indústrias Nucleares do Brasil - INB não há riscos radiológicos em caso de liberação do conteúdo das ampolas o que também não acarreta danos à saúde. Especialistas ouvidos pelo SBT News afirmam, no entanto, que o material não deve ser manuseado em hipótese alguma. De acordo com Aquilino Senra, professor do programa de engenharia nuclear do Instituto Alberto Luiz Coimbra de pós-graduação e pesquisa em Engenharia - COPPE - ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, as consequências podem ser queimaduras e intoxicações. O professor lembra que deve-se entrar em contato com as instituições, que vão recolher e dar o destino correto a esse material.
Senra também afirma que o desvio do material não representa perigo em grande escala. Segundo o professor, uma arma nuclear, por exemplo, precisaria de urânio enriquecido a 95% para ser produzida.

A Polícia Federal e o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República foram acionados após o episódio. A Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN informou que as buscas começaram assim que foi detectada a ausência dos tubos. A empresa abriu um processo administrativo.